Sempre que comento sobre a rotina sem telas da Helena, recebo mensagens me perguntando o que ela faz durante o dia, ou melhor, como faço para entretê-la. A cultura das telas já está tão presente nas nossas vidas que automaticamente deixamos de pensar na resposta mais simples e óbvia: Ela brinca! Brinca, desenha, inventa, “lê”, pula, corre e as vezes, não faz nada. Quando ela nasceu, nos mudamos pra uma casa perto da praia e meu puerpério foi um verdadeiro detox digital. Sem tv, sem internet, sem telefone. Moramos lá até a Helena ter pouco mais de 1 ano e nesse período, tínhamos uma rotina leve e muito tempo ao ar livre. Era fácil! Quando mudamos pro nosso apto atual, nos vimos numa rotina difícil, sem nenhum lugar ao ar livre por perto e precisamos nos adaptar a rotina real de quem mora em apto e passa o dia todo sozinha com os filhos dentro dele. Com toda a energia que uma criança tem e as demandas que um adulto precisa atender, na maioria das vezes as telas parecem a solução mágica praqueles minutos de paz que tanto precisamos. Mas na nossa realidade, esses minutos de paz eram seguidos de horas de estresse, alienação e agressividade. Afetavam o desejo natural dela pela infância que tinha.. de brincar, inventar e explorar. Pra quem pede dicas pra mudar isso, ao invés de dar um passo à frente e pensar em mil estratégias desgastantes e elaboradas pra manter as crianças sem telas, dê um passo pra trás e se faça uma simples pergunta: o que eu ofereceria ou faria se o recurso da tela não existisse? Pode parecer utópico mas quando se exclui essa opção, se cria espaço pra que várias outras apareçam. Crianças aprendem pelo nosso exemplo! Troque a tela por um livro, deixe o celular de lado um tempo todo dia e brinquem juntos. Incentivem o imaginário. Sugira uma brincadeira que você também goste, assim esse momento vai ser legal pra você e muito mais pra eles. Nem sempre podemos escolher a quantia de horas que passamos juntos mas podemos definir a qualidade delas.
A existência dela desde o primeiro minuto me deixa marcas constantes, algumas eternas outras passageiras. Marcas no corpo, na mente e na alma. Marcas que soaram tão estranhas a princípio que eu nem me reconhecia, mas que hoje, são a parte mais bonita e importante da minha trajetória. Aos olhos dos outros, algumas são invisíveis, enquanto outras, eu deveria apagar de mim até ser como se elas nunca tivessem existido. Mas as mostro com orgulho, pois são elas que definem a linha entre quem eu fui e quem sou. Todas são belas a sua própria maneira. E agora, de todas as marcas já deixadas na pele, o nome dela escrito por ela, é e sempre vai ser a minha favorita.
Temos tido semanas corridas por aqui e não tive tempo de compartilhar esse marco tão importante pra gente e mais importante ainda pra mim. 6 meses do nosso lobinho. Seis meses de muita entrega, transformação e seis meses da minha tão sonhada (e suada) amamentação exclusiva. Olhando pra trás, os dias difíceis parecem a uma eternidade de distância ao mesmo tempo que tudo passou tão rápido, mas tão rápido, que já brota um pingo de saudade desses nossos primeiros momentos juntos e um desejo de que a vida passe um pouco mais devagar. Mas estamos vivendo na velocidade da luz e só nos resta curtir todos os dias intensamente e agradecer pela sorte de ter esse bebê tão iluminado e feliz nas nossas vidas. Nem todos os dias são tranquilos e fáceis mas deixo eles de lado e me apego aos dias em que tudo é tão leve que não parece real. Que o ar é fresco e com cheiro de flores, que a trilha sonora são as risadas das cócegas que as folhas fazem nesses pezinhos e que os beijos e colos são infinitos. Que venham mais seis meses, seis anos e seis décadas dessa aventura incrível que tem sido ser mãe!
Curte. Curte todos os momentos. Curte cada segundo com a certeza de que eles são os últimos. Nada mais vai ser igual. Aquele momento não vai se repetir. Passa uma semana e eles já não são mais os mesmos. Passa um mês e eles já não se parecem como antes. Eu sei que nem todos os momentos são legais, que os dias difíceis vão parecer anos e você vai rezar pra que passe rápido. E olha só, vai passar rápido mesmo! Tão rápido que você vai pedir pro tempo ir mais devagar. Então respira e curte. Enfrenta os momentos ruins e aproveita os momentos bons. Porque até no caos existe um minuto ou dois de calmaria. Até no dia mais feio, existe um pouco de beleza. Até nos dias que você quer jogar tudo pro alto, existe algo ou alguém que você queira segurar. Move aquela pilha de roupas pra passar que está em cima da cama pra poltrona, ignora os pratos na pia. Deixa os brinquedos espalhadas no chão, faz um café e curte. Curta você, curta eles e curta quem vocês são juntos. Porque em um dia eles estão pendurados em nossas pernas pedindo nosso colo e no outro, estão pendurados nas alturas nos pedindo pra voar sozinhos.
Puerpério em uma foto: eu sou sombra, ele luz. Estamos chegando perto dos 6 meses e embora por fora, todos os sinais de uma mãe recém parida estejam mais evidentes que nunca, por dentro, os dias de luz e clareza dissipam as nuvens. Cada gestação é única e incomparável, mas nesse processo de encontro comigo mesma, tenho notado um contraste enorme entre a mãe que eu era e a mãe que estou me tornando. Quando a Helena nasceu, não havia empatia, nem dos outros nem comigo mesma. Eu não me permitia sentir e escondia meus sentimentos através de uma imagem praticamente inalterada. Não havia sinais externos de que em mim havia surgido uma mãe e assim, enganei aos outros e a mim mesma de que havia tirado a maternidade de letra. Quando o Lúcio nasceu, todas as emoções reprimidas voltaram de uma única vez. Na gravidez, li que a dor das feridas emocionais de uma mulher se manifesta e conduz o trabalho de parto. Talvez por isso o meu tenha sido como um tsunami. Uma onda devastadora que lavou e levou tudo que precisava ir. Foram alguns meses para recolher o que foi quebrado, chorar o que foi perdido e pra agradecer pelo que foi encontrado. Não existe reencontro em mim porque jamais serei a mesma de antes. Lembro de dizer que ia morrer e de ouvir da minha Doula “então morre, deixa morrer e renasce”. E das cinzas, das feridas cicatrizadas e das sombras de sentimentos que permiti sentir, renasci. Não fica mais fácil, a gente é que fica mais forte. Mais forte, mais segura, mais intensa.. mas ao mesmo tempo tão mais leve. Nunca estive tão cansada mas também nunca estive tão feliz.
“Larga o celular! Olhem pra mim! Eu tô crescendo! Depois vocês dizem que tão com saudade de quando eu era menor e que passou rápido”. Já falei aqui da nossa relação com telas e que ele se aplica não só a Helena como pra gente também. Não posto em “tempo real” e tento deixar meu celular em modo avião quando saímos juntos pra que não tenha distração. Escrevo sobre maternidade, dar valor às coisas simples, sobre presença e viver a infância dos meus filhos plenamente e seria um contra senso passar mais tempo nas redes sociais falando sobre ser mãe do que de fato, sendo a mãe que eu quero (e tento) ser. É fácil gastarmos horas preciosas vendo a vida passar através da timeline e mais fácil ainda, ver e viver a nossa própria vida através da tela do celular. Por mais que eu ame estar aqui e realizar trocas sobre o universo materno, não tem como acompanhar o que acontece por aqui e o que acontece fora na proporção ideal e ainda tentar dar conta de todas as outras demandas da vida. Tanto aqui quanto fora, tudo acontece na velocidade da luz, você pisca e tudo mudou. E não existe nenhum lugar que guarde a infância deles pra que a gente possa vê-la e vivê-la daqui 5 min ou na fila do trânsito. Mesmo com todo esforço pra ser equilibrada e coerente, a Helena ainda sim nos deu um puxão de orelha e isso me fez repensar ainda mais meu tempo de uso. Tem milhões de mensagens atrasadas, comentários que não consegui responder mas hoje enquanto estávamos brincando, ela parou, me abraçou e disse “temos que fazer mais isso, eu amo estar com você” Limitar telas é necessário mas limitar a deles e não a nossa, é querer ensinar aquilo que não se pratica. Eles não ligam de trocar um desenho por uma brincadeira. O que eles ligam, é de se sentirem trocados por uma tela qualquer. E aproveitando que amanhã é dia das crianças, lembrem: o melhor presente que podemos dar aos nossos filhos é a nossa presença!
“Na madrugada chuvosa do dia 28, na penumbra de um quarto a luz de velas, nasceu a luz da minha vida” Eu me lembro de escrever essas palavras como se fosse ontem. Era domingo de manhã e ela tinha nascido a poucas horas. O dia era cinzento mas dentro daquele quarto de maternidade, uma luz brilhava forte. Serena e com um olhar profundo, mas carregado com uma leveza que ela trás até hoje. Não tem como olhar pra ela e não sentir paz. A jornada dela por esse mundo não começou de forma fácil, foram tantos desafios, limitações.. mas ela sempre se manteve feliz! E se tem alguém que ama a vida e a aproveita com toda a intensidade possível, é ela! Filha da primavera, minha flor selvagem, que me ensinou a ser mãe, a amar e a aproveitar cada momento, pois eles são únicos. Todos os dias eu agradeço pelo presente de ser mãe dessa alma tão pura. Eu poderia compartilhar todas as coisas incríveis que ela faz e fala pra que quem sabe, as pessoas entendessem um pouco o quão especial ela é! Mas guardo cada momento e me orgulho desse pequeno privilégio que é conhecer a fundo esse coração. Um dias desses, deitada na cama, antes de dormir, ela me disse “mamãe, quando eu for velhinha e morrer, você vai me encontrar lá no céu né? Porque se quiserem que eu volte, eu não vou voltar se não for com você, eu quero que você seja minha mãe pra sempre, nessa e em todas as outras vidas” Meu sol, seja daqui 5, 50 ou 500 anos.. vai ser eu e você, mãe e filha. Nessa e em todas as outras vidas.
Fui desafiada pela @bagmoreno a falar 10 curiosidades sobre mim e resolvi contar 10 coisas que (quase) ninguém sabe sobre a gente: .
. .
• Quando a Helena tinha 7 meses nos mudamos pra uma casa perto da praia e ficamos lá até ela ter 1a8m. Sem internet e sem tv a cabo. Eu não tinha nem celular! Foi a fase mais leve da minha maternidade. Sem comparação, sem cobranças.. vivendo uma vida tranquila
.
.
.
• Meu nome seria Alice, mas minha mãe fez repouso no último mês de gestação e estava passando uma novela com a Christiane Torloni. Meu nome é por causa dela, bebê .
.
.
.
• O nome do Lúcio é em homenagem ao meu avô. A Helena sonhou que meu avô (já falecido e ela não sabia nem o nome dele - nunca falei dele pra ela) contava pra ela que ela teria um irmãozinho. O nome dele seria Wolfgang, que significa “aquele que corre com lobos”, mas depois do sonho dela eu perguntei o que ela achava do nome Lúcio e ela disse que era o nome perfeito pro irmão, e assim ficou Lúcio Wolf
.
.
. . • Eu e o Henrique já fizemos terapia de casal. Ele teve uma criação machista e isso afetou muito a paternidade dele e o nosso relacionamento. Foi (e é) preciso muita terapia pra ele mudar e ser o pai e o companheiro que é hoje. (Terapia é qualidade de vida, façam!) .
.
.
.
• Já pulamos de paraquedas juntos no começo do namoro e planejamos repetir com nossos filhos quando eles completarem 18 anos .
.
.
.
• Fraturei 3 vértebras da coluna quando caí de uma tirolesa aos 16 anos e fiquei meses usando um gesso igual o da Frida kahlo .
.
.
.
• Até pouco tempo a Helena achava que o programa “papo de mãe” da tv cultura se chamava “bafo de mãe” .
.
.
.
• O TP da Helena durou mais de 24h e do Lúcio não durou nem 4h. Ambos nasceram sábado à noite, ele dia 27 e ela dia 28. Ele com 3,765 e ela com 2,750 .
.
.
.
.
• Na nossa lista de lugares pra conhecer estão o Alasca e a Islândia. Pra morar: Canadá .
.
.
.
• Além da Helena e do Lúcio serem a minha cara, os dois têm uma marca de nascença igual a minha
.
.
Agora desafio a @aline_ricci e a @tightestmom a falar 10 fatos sobre elas!
Já falei que eu e o Henrique somos do inverno e não trocamos um dia frio por nada, né?! Mas a Helena (e pelo visto o Lobinho também) ama a primavera! Não só porque comemoramos o aniversário dela mas é onde os dias são mais quentes, os casacos são opcionais e o resto são flores. Confesso que a ansiedade dela me contagiou e por aqui estamos animadas planejando os próximos meses. Que venham os dias de sol, de flores, de piqueniques na praia e de muito cheirinho nas crias (embora uma delas esteja sempre correndo tanto que não pare nem pra tirar uma foto, quem dera um cheirinho hahaha) Quem mais está animado com a chegada da primavera?